- Hack;

Eu sou do tempo que se lê jornal sem tocar no impresso.
Em frente única, sem verso. Caso a notícia passe, não me estresso.
Hoje vou da minha casa à Europa.
Sem nem ir na sala ou na copa. Sentado apenas no meu quarto.
Hoje sou digital até em retratos.
Faço viagens a mil por hora, em segundos.
Tenho que certeza que, se houvesse, conheceria todos os mundos.
Vou do Brasil ao Japão sem ir de avião.
Nem estou falando da globalização, nem da televisão.
Não disfarçe, isso é o computador:
Que foi nele, foi nela e, também, me alienou.

- Carta para Laura II;

Minha Laura, para voltar no tempo como faz?
Não consigo nem lembrar do que é felicidade.
Que saudade dos bons tempo de amor e paz.
Me sinto sozinho no meio desta grande cidade.

Entre os rostos, queria tanto poder te ver.
Dividir minhas principais vitórias.
E nas derrotas, poder contar com você.
Hoje, apenas o que tenho são memórias.

Minha Laura, depois desses anos sofridos
Como será que você está levando a sua vida?
Será que casou com alguém loiro e fingido
Ou espera o tempo sozinha em seu quarto acolhida?

Estou me despedindo, mas não esqueça deste pobre.
Pegue esta carta e guarda na velha gaveta
Lembre-se de quanto por ti este velho sofre
E nunca duvide da beleza da borboleta.