terça-feira, 22 de julho de 2008

- Tom;

Então ela deitou no seu lado predileto da cama, como faz sempre.
Mas olhou para o lado e não viu seu cotidiano arrumado.
Mordeu o travesseiro, rezou baixinho para nem ela, nem Deus ouvir.
E pediu desculpas a alguém que não estava ali para escutar.
Ligou o rádio esperando ouvir a sua voz em meio a chiados.
Ligou a televisão esperando ver a sua face entre um canal ou outro.
Mas o dia estava anormal. As idéias eram as mesmas que deram certo.
Porém os objetivos não davam certo desta vez.
Ele não estava lá. A lua nem brilhava, a noite estava mais escura.
Ela ligou para as amigas mais próximas tentando pegar no sono.
Mas em cada conversa lembrava mais dele e se lembrava
Do espaço em branco ao seu lado da cama.
Rasgou os retratos com toda a raiva do mundo.
Mas em alguns segundos os colou com alguma fita adesiva.
Estava ela a brincar de quebra-cabeças com suas fotografias.
Retalhando e consertando lembranças da melhor fase da sua vida.
Em cada foto, faltava um, dois, três pedaços.
Pedaços varridos para debaixos para a cama.
Pequenas lembranças que se misturam com a chuva de lágrimas.
E ela chora, mas ninguém ver. Ela se desculpa, mas ninguém ouve.
Ela reza, mas ninguém a diz se ela está perdoada ou não.
Ela está respirando, mas não quer mais viver.
Perguntando-se: "Será que o amor é tão cruel assim?"
Pegou suas antigas cartas, que ela ja leu umas zilhões de vezes.
Mas se emocionou como se fosse a primeira vez que lesse: "Te amo, Pequena!".
É, a Pequena está sozinha neste mundo.
Vivendo de lembranças que não voltam mais, não voltam.
Adormeceu com cartas e fotos lhe servindo de coberta.
E sonhou com dia da sua volta. Pode ser ao acordar ou não.

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